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Mostrando postagens de janeiro, 2010

A Porta do Sonho *

Estava eu numa praça na venda dos meus folhetos me apareceu cara a cara o fulano de um sujeito desafiando meu verso e desfiando seu terço. O vivente feito um louco me chamando de chulé recebeu logo seu troco seu lugar de Zé Mané perguntei pelo seu nome e me respondeu: Anônimo. Anônimo era o tal De Nada Da Coisa Nenhuma que procurou Zé Cordel para escrever as venturas das aventuras de glória na vida de sua memória. - É o seguinte, seu Zé, começo a lhe clarear há muito que lhe procuro pois tenho andado no escuro e preciso de um certo roteiro pra me poder espalhar. E foi o homem falando e eu entender tentando. - É que sendo o sinhô autor de tantos folheto, de romance escrevinhador, e tanto herói que o sinhô com sua pena heroizô, que resolvi me soltá em busca de lhe encontrá. Mas ainda eu não sabia que o que o fulano queria era entregar o seu dia e aí virar poesia. Então foi se esclarecendo e eu lhe fui percebendo. Não conheceu pai nem mãe nasceu na porta da rua criado pelos passantes e

Menina

Menina crescia brincando com a roda da madrugada. Menina rodava sonhava. Jogava a estrela pulava amarelinha caía no céu. Um dia a menina crescida escorregou lá de cima e veio cair no meu sonho. - 1984 -

Soneto solto no ar

Por mais longe que os longes me levem, por mais perto do céu dos mistérios, por abismos que em mim desabassem, pela névoa do pó dos segredos. E por tudo que fica distante como o fato de ser um fantasma, feito a folha sozinha de outono e a chama que move os incêndios. Pelas dores da lua e do sol, pelo parto dos novos planetas, pelo rio da noite e do dia eu entrego meu sonho e meu sal e no barco das minhas palavras eu navego entre vento e matéria. 25-02-1988

Ano Novo

Ano abrindo as janelas. Olhando a estrada, suspirando... Ano pensando em ser. Limpando o passado, esquecendo... Ano ainda de olheiras. No rastro da noite, no eco dos fogos. Velhos anos novos Nos restos dos copos nas taças caídas. No fim das fumaças estampidos que cessam... silêncio de estrelas.

Da fome

Meus pobres poemas são pães e fui eu mesmo que os fiz com as minhas próprias mãos na massa dos dias da vida. sylvio