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Mostrando postagens de julho, 2010

Manoel de Barros

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Manoel de Barros O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto no final da frase. Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor! A mãe reparava o menino com ternura. A mãe falou: Meu filho, você vai ser poeta. Você vai carregar água na peneira a vida toda. Você vai encher os vazios com as suas peraltagens. E algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos . Manoel de Barros [ Principal ][ Releituras ][ Biografias ][ Novos Escritores ] © Projeto Releituras Arnaldo Nogueira Jr 13/07/2010 - 11:42:28 Nome: Manoel de Barros Nascimento: 19/12/1916

Sylvio Adalberto, a natureza e os "Poemínimos"

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Sylvio Adalberto "Apenas um apaixonado pela natureza. Como tal, gostaria de vê-la preservada e protegida. Creio sinceramente que para preservar é preciso conhecer. Ninguém protegerá aquilo que desconhece. Para que isso aconteça primeiro é fundamental que haja uma mudança de consciência. Temos de acabar com a mentalidade instaurada de que não temos nada com isso.Temos sim! Tudo o que acontece no mundo em que vivemos é de nossa inteira responsabilidade. Enquanto houver gente dormindo na rua, famílias sem direito a um teto, um pedaço de terra para plantar e um pedaço de pão para driblar a fome, enquanto houver cachorros comendo filé e crianças morrendo de fome, nada mudará no mundo. O exemplo deverá começar não dentro de nossa casa, mas dentro de cada um de nós. É preciso antes de tudo querer ser melhores do que somos. O caminho é refrear o consumismo, a sede de supérfluo que invadiu o mundo. E a salvação é começar pelas crianças. Tenho consciência de que tenho feito minha parte.

Olhos Parados (Capítulo 7)

7 Simon Bolívar, sentado no boteco, lia trechos das aventuras de D. Quixote, enquanto Bem-te-vi acompanhado do violão do Léo cantarolava uma música que ia ficando triste, tão triste que lágrimas desciam pelo rosto de todos. Depois lá estava Bolívar, subindo o morro, festejado em seu triunfo. Montava um cavalo branco, sem cela. Havia uma multidão no campinho e no pasto. De repente, um rosto conhecido: Manuelita Sanchez que acenava para o herói. Seu sorriso era amplo e ela estava nua da cintura para cima. Mas aqueles eram os seios de Catinha. Sim, era Catinha. Seus acenos tocavam o corpo do Zé Carlos, mas aquelas mãos não eram Catinha. Era o Dodô. E o Simon, de novo no bar, ia guaguejando, gaguejando até não conseguir mais contar sua história. Parecia triste. Seu cavalo agora era um magro pangaré e ele, Simon, agora era o Sabão, olhando fixamente para o garoto, enquanto sobre a mesa desabava um castelo de cartas e em seguida o Sabão caía fulminado, na mesa do bar, em cima d

Saramago: a palavra com-paixão

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Saramago: a palavra com-paixão 07-Jul-2010 Autor: Jorge Miguel Marinho “A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver.” José Saramago Se não me tocassem tão fundo “coisas” mais sensivelmente humanas na vida e na obra de Saramago - estas duas porções irmãs que nele nunca se separaram -, eu poderia iniciar esta breve homenagem dizendo que ele foi o único escritor em língua portuguesa premiado com o Nobel de Literatura. Não o faço e nem Saramago faz tanta questão dessa minha menção ao título por ele tão merecidamente recebido. De José Saramago - nascido na pequena aldeia portuguesa de Azinhaga em l6 de novembro de 1922 e provisoriamente morto na ilha espanhola de Lanzarote em l8 de junho de 2010 - prefiro e sou plenamente motivado por ele a falar da sua expressividade maior: a palavra “com-paixão”. E a palavra compaixão é utilizada aqui no sentido etimológico de comunhão