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Mostrando postagens de novembro, 2013

Olhos Parados - Capitulo 18

A tarde chegou inaugurando o parque das surpresas. O sol tingia o céu de um amarelo-avermelhado tão especial que atraía a atenção de todos. Era uma luz diferente que se derramava pelo cenário. Fim de tarde de sábado.     Ele chegou no bar onde havia marcado o encontro. As mesinhas do lado de fora estavam pintadas com todo aquele colorido e tudo parecia programado, preparado para a cena. Os pensamentos passavam pela cabeça do José Carlos enquanto ele olhava e conferia se ela ainda não havia chegado.   Do outro lado da rua pôde vê-la chegando. Ela, ao vê-lo, abriu um sorriso lindo. E a tarde brilhou mais ainda dentro dele. Clio atravessou a rua e os seus olhos irradiavam encanto. Abraçou-o com uma ternura inédita. Havia algo de diferente nela. Então ele lembrou que já chegara a semana em que ela iria defender a tese. Aquela alegria transbordante era prenúncio de notícias agradáveis.     Os dois escolheram uma das mesas, sentaram-se e pediram dois chopes ao garçom. Logo que começaram a

Olhos Parados - Capítulo 17

                                                                              17      Quanto mais o rosto dele ia se transformando, a sensação que ela experimentava era de reconhecimento e familiaridade. Dias se passaram desde que aquela metamorfose começara. Cada vez havia menos gente por ali. A vigilância, pelo que ela percebia, estava ficando mais relaxada. Já não davam tanta importância para ele.      Havia uma nova mania nacional. A principal rede de televisão do país lançara um “reality show”. Um grupo de pessoas era colocado em uma casa, e jogos e situações eram montadas para testar a resistência dos que ali participavam. O vencedor do jogo seria o último a permanecer na casa. O povo acompanhava as intrigas e a intimidade dos moradores da casa. A cada semana, um era excluído através do voto dos outros e dos telespectadores, que se manifestavam por telefonemas e mensagens eletrônicas. Montagens criadas pela direção do programa eram colocadas no ar e as pessoas tinham a ilusão

Olhos Parados - Capítulo 16

                                                                    16      A janela do quartinho abrindo-se, emoldurou a pintura daquele sábado de céu azul. Os pássaros, em bando, dançavam, presenteando o olhar do Zé Carlos. A natureza resolvera caprichar. Buscou suas melhores tintas e seus mais requintados movimentos para festejar os dezoito anos dele.     Chegou o dia! D. Eunice estranhou que desta vez o garoto não quisesse nenhuma festinha. E logo aos 18 anos!? Afinal, ele sempre reunia o pessoal, ela fazia o bolo, tocavam violão e toda aquela farra... Mas desta vez nada disso. Ele apenas disse que iria sair à tarde. Era a "tal da tese da professora." O pai e a mãe costumavam comentar sobre o interesse do garoto pela matéria e pela Clio. D. Eunice chegou a conversar várias vezes com ela. Achava-a muito simpática. Mas o negócio parecia sério mesmo. Ele estava muito mudado. Sair no dia do aniversário, não reunir os amigos, eram coisas nunca vistas. Dava até para preocu