A Porta do Sonho *
Estava eu numa praça na venda dos meus folhetos me apareceu cara a cara o fulano de um sujeito desafiando meu verso e desfiando seu terço. O vivente feito um louco me chamando de chulé recebeu logo seu troco seu lugar de Zé Mané perguntei pelo seu nome e me respondeu: Anônimo. Anônimo era o tal De Nada Da Coisa Nenhuma que procurou Zé Cordel para escrever as venturas das aventuras de glória na vida de sua memória. - É o seguinte, seu Zé, começo a lhe clarear há muito que lhe procuro pois tenho andado no escuro e preciso de um certo roteiro pra me poder espalhar. E foi o homem falando e eu entender tentando. - É que sendo o sinhô autor de tantos folheto, de romance escrevinhador, e tanto herói que o sinhô com sua pena heroizô, que resolvi me soltá em busca de lhe encontrá. Mas ainda eu não sabia que o que o fulano queria era entregar o seu dia e aí virar poesia. Então foi se esclarecendo e eu lhe fui percebendo. Não conheceu pai nem mãe nasceu na porta da rua criado pelos passantes e ...