Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2018

Diário do escritor que não fui - 28 de agosto

Já lá se vão dez dias que fizemos a leitura dos "Quatorze Quadros Redondos" do Leonardo Fróes. Foi uma noite feliz no Palácio Rio Negro. O amigo autor gostou e foi muito simpático. Nós também gostamos do resultado e a plateia reagiu positivamente. Muitos, que não conheciam essa obra, ficaram encantados e muito interessados em adquirir o texto. Naquele mesmo dia, fomos ao lançamento de um novo livro do poeta Fernando Magno em parceria com sua filha Christiane Michelin e depois seguimos para a casa do Leonardo, pois a Regina nos convidara para que fôssemos lá comemorar e trocar nossas impressões sobre a leitura. Lá chegando encontramos amigos e familiares do Fróes, e todos foram extremamente amáveis, tecendo vários elogios sobre a leitura que haviam assistido. Tenho andado envolvido com provas, preparação de aulas, testes, correção de redações e um festival de artes que organizamos no colégio onde trabalho. Por isso não tenho comparecido aqui, neste diário. Agora, já a noite

convite ao voo (a um poeta amigo)

Tinha o dom tom da poesia que lhe passava de pai para filme dentro do espelho por onde entrara estilhaçando mundos moinhos nos rodopios das pa(s)lavras. Tinha o tom dom do pó e da orgia que lhe embre(pre)nhava sertões solidões sortilégios e outros sulcos deixados pelas pegadas de desritmos e escombros silenciados em sinfonias submersas e ruidosas ruínas emergentes de inéditas paisagens. Não obedecia nem mesmo o desregramento dos cacos e atalhos dos seus labirintos do pai Dédalo. Recolhia das profundezas o filho Simesmo Ícaro e o devolvia ao sabor das nuvens. Muito além do Sol.

Diário do escritor que não fui - 1 de agosto

Aulas. Reunião. Reflexões em grupo sobre a educação. Compras. Arrumação da casa. E um momento, sentado no carro, enquanto Pita foi tratar de uma assunto burocrático de trabalho, surge uma percepção do "escritor que não fui". A tarde fria e nublada lá fora das janelas do carro.Os ruídos dos carros que passam e um silêncio acolhedor do lado de dentro. Um ensaio de calma. Uma paz repentina. Ideia-corpo para um poema, ou um conto, ou o romance da vida.

Diário do escritor que não fui 31 de julho

Foi-se mais um mês. Último dia de julho. O governo golpista ataca como sempre com a sua intervenção no Ensino Médio e a criação de uma Base Nacional Comum Curricular que desagrada a todos os envolvidos seriamente com a Educação. Após dar minhas aulas da manhã e discutir um pouco do assunto com meus alunos, passo a tarde estudando o tal documento e as análises críticas feitas por entidades ligadas à prática educativa. Amanhã teremos na escola uma reunião para discutir o assunto e possivelmente redigir um documento de repúdio. É assim. Vivemos em guerra com os gestores. Sempre. Ser um profissional da Educação neste país e agir de uma forma compromissada com os verdadeiros valores é como um ato de resistência. Uma guerrilha cotidiana. E o escritor que não fui, já, de muito tempo, vem lutando nesse front. Uma luta, muitas vezes, para não dizer, sempre, inglória. Bem, a "glória" é outra. Ainda hoje, logo quando entrei em uma das turmas, um aluno, veio até mim, um tanto agitado, e