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Mostrando postagens de julho, 2018

Diário do escritor que não fui 30 de julho

 Volta às aulas. Agora, noite. Sono. Amanhã pretendo falar um pouco e colocar em dia este diário que andou meio largado nestes últimos dias que passaram. Os bichos da noite promovem sua sinfonia lá fora, na mata, do outro lado da janela. Boa noite, humanidade!

Diário do escritor que não fui 24 e 25 de julho

24 de julho Manhã de exercícios e trabalhos em casa. Mas havia um compromisso para o final da tarde. Iríamos à casa do poeta e tradutor Leonardo Fróes e da sua esposa Regina. Tínhamos a incumbência de levar para ele um livro de um outro amigo poeta, o Sylvio Adalberto, e também precisávamos, eu e Pita, conversar com o Leonardo sobre a leitura pública que faríamos de um dos seus livros (Quatorze Quadros Redondos). Para mim, entrar na casa de um escritor tem algo de sagrado. E a figura do amigo admirável também tem um significado todo especial. Leonardo completa neste ano de 2018, cinquenta anos de poesia, uma vez que seu primeiro livro, “Língua Franca”, foi publicado em 1968. E é sempre muito bom revê-lo e reencontrar a amiga Regina. Já trabalhamos na mesma escola, alguns anos atrás. Ela lecionando (não gosto muito dessa palavra) inglês e eu, Língua Portuguesa e Literatura. Ambos são pessoas suaves e nos receberam muito bem, mais uma vez. De repente a conversa na salaentrou no tem

Diário do escritor que não fui 23 de julho

Segunda-feira. A última semana do recesso escolar de meio de ano inicia. Dia de limpeza e reflexão silenciosa. Arrumar a cama e as ideias. À tarde, exercícios de Pilates. À noite, mais leituras do segundo livro de Maria Carolina de Jesus, "Casa de Alvenaria". Neste livro ela conta o dia a dia do sucesso que obteve com o "Quarto de Despejo" e as suas repercussões e consequências. A crítica social vai ganhando maior espaço ainda  nessa obra. 

Diário do escritor que não fui 22 de julho

Domingo. Descemos para caminhar. Triste imagem: uma família inteira, incluindo as criancinhas de colo, revirando uma lixeira para encontrar algo para comer. As crianças ficavam felizes porque acharam para elas alguns pedaços de mamão que dava para aproveitar. Essas cenas voltaram a acontecer em nossa cidade e em nosso país. Pita comenta que há muito tempo não via algo assim. Nós dois lastimamos e lembramos de outros dramas e tragédias que estão voltando a acontecer. À noite, vimos um documentário impressionante chamado “Humano”. Relatos fortes e belas imagens. Mas isso são apenas adjetivos que não conseguem revelar toda a densidade da vida daqueles personagens que na verdade somos nós, a humanidade. Alguns de nós, que já sonhamos tanto, com um mundo mais pacífico e mais justo, experimentamos estranhas sensações e um estado de perplexidade, diante desses quadros com que nos deparamos em nosso país e no mundo.
Diário do escritor que não fui 21 de julho Um dia de carregar armário do Rio para Petrópolis. A viagem de volta foi tranquila. O prazer de chegar em casa mais uma vez se renova. O silêncio me alimenta de paz...
Diário do escritor que não fui 15 de julho de 2018 Consegui aqui um tempo. Um final de domingo. 17:51. Do lado de fora da janela, já escureceu. Ainda há pouco estava lendo um outro diário. “Quarto de Despejo”, “diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus. Texto maravilhoso e pungente. Ela vai contando seu duro cotidiano e costurando preciosidades pelas suas páginas. Nos pequenos intervalos que conseguia na sua luta pela sobrevivência, arrumava um cantinho e ia escrevendo seu livro que nascia daqueles cadernos onde anotava suas impressões, sua realidade e seus sonhos. Foi ela, em seu texto, que me fez, agora, neste momento, começar também a fazer aqui este diário. Minha vida inteira alimentei o sonho maior de ser um escritor, mas os descaminhos que a existência nos obriga não me permitiram. Também tenho os meus cadernos espalhados pelas gavetas da vida. E alguns livros não editados, por falta de dinheiro, mesmo! Pois é muito difícil, sendo um desconhecido nada ilustre, s