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Mostrando postagens de 2019

Diário do escritor que não fui - 11 de novembro de 2019

Meses e meses sem escrever nada aqui. Escrevendo coisas por aí. Tentando lutar com as palavras contra as trevas da ignorância que escureceram o Brasil. Hoje volto nesta noite molhada das chuvas da tarde. Andei dias atrás avaliando que, afinal, não foi tão ruim não ter sido o escritor que sonhei. Permaneci independente. Livre para escrever o que quisesse e também para ter o direito de não escrever. Fiz as pazes com o escritor que não fui e, consequentemente, com você, meu amigo leitor invisível. Por isso te convido neste momento para termos aqui este papo descontraído, desacademizado. Vamos beber o vinho da imaginação e colocar algumas conversas e notícias em dia. Hoje fui à casa do Leonardo Fróes e da Regina Lustosa para buscar os livros que ele doou para a biblioteca do colégio onde leciono. Leonardo foi um dos julgadores que escolheram os livros premiados no concurso da Biblioteca Nacional e existia a condição de doar os livros que ele analisou para uma biblioteca e, por essa razão,

�� Entre Vistas com o ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão

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IMPASSE

IMPASSE (para os que têm paciência para a poesia e resistência para a revolta) Manhã úmida frios que chovem alma parada vontades que calam. Quanta coisa quantas causas. Impasse de agora em passos que somem. Tarde engolida noite que treme o fogo e o vinho o sino dos ventos. A vida estancada impasse de agora, Apostas perdidas largadas estradas sonhos dissolvidos país entre trevas. Vieram vampiros seguiram-se monstros bandeiras fascistas nos risos mais torpes. O impasse sem passe nos passos de agora. O culto das armas o luto das almas. O sangue dos fracos parado nas veias a ira dos bons buscando caminhos a raiva dos tolos fechando os atalhos. Nos passos parados do impasse de agora. Risos de máscaras esgar de escárnios carranca da besta navio fantasma. No rio das farsas os monstros emergem subindo ao convés. Os porcos chafurdam lambendo a luxúria no mundo ao revés. Nos cínicos lábios palavras amargas do fel dos falsários que desgovernaram. Na dança macabra já se

Diário do escritor que não fui 13 de junho de 2019

Recebi há alguns dias o texto formatado pela Carla para a edição do meu livro de poesias "O Azul do Zen". Agora ela está trabalhando no outro livro, uma novela, "Olhos Parados". A ideia é publicá-los juntos, em um único livro. Já acalento esse sonho há mais de 2 décadas. Agora a coisa vai! Hoje foi um dia de muita arte em nosso CIEP. O colégio é um tesouro de jovens e talentosos artistas populares. Dançarinas e dançarinos, músicos, poetas, cantoras e cantores, é o máximo. É uma profusão. Coisa de arrepiar e emocionar. Semana de festival de artes é tempo de muita energia jovem e criatividade. Viva a juventude do meu país! Hoje ainda voltarei para a aula do noturno.Agora é respirar um pouco para depois cumprir a jornada. Preciso de um tempo maior aqui, com você, leitor invisível, para te contar sobre uma descoberta. O nascimento de um novo olhar...

Diário do escritor que não fui - 19 de maio de 2019

Manhã de domingo. Um solzinho tenta chegar lá embaixo no jardim. Nos últimos dois dias o frio vem se aproximando. O Brasil, nesta semana que termina, pegou fogo nas ruas com as manifestações contra as (des)medidas do governo em relação à educação e à (de)forma da previdência. O que estamos presenciando aqui seria impensável há alguns anos atrás. Jamais poderíamos imaginar descer a um nível tão baixo. Encontro amigos que administravam projetos de cultura e constato sua decepção e desencanto com a atual situação. É uma violência a cada dia. Bons projetos, ótimas iniciativas estão sendo abortadas. Vou descer para caminhar um pouco. Depois tenho alguns textos de alunos para ler e voltarei mais tarde aqui, para a nossa conversa.

Diário do escritor que não fui - 18 de maio de 2019

Antes de dormir quero fazer justiça a você. Não mais lhe chamarei de "leitor inexistente", mas sim de amig@ invisível. Muitos dias não apareci por aqui. Amanhã voltarei. Boa noite!

Diário do escritor que não fui - 22 de abril de 2019

Acordo em silêncio. Do tamanho da minha idade. 64 anos. Manhã de sol no Rio de Janeiro. Pareço perceber algo que sempre esteve em mim e que só agora torna-se tão claro. Toda a minha história e suas consequentes limitações. Lembro aquela máxima "sartreana": "...o importante não é o que fizeram de nós e sim o que nós fazemos com o que fizeram de nós..." Penso no passado e nos caminhos que estavam fechados para mim e para tantos jovens que conheci. O que fizemos de nós ?  Mas havia fronteiras intransponíveis. Eis aí uma das causas do "escritor que não fui". Despertei hoje, na minha classe, na minha história, na minha geografia e na minha existência. Calo profundamente e olho para a natureza. Penso em meus semelhantes. Na viagem que consegui fazer já com mais de 50 anos. Nas viagens que não fiz. Nas vantagens que não tive. Nos mundos que sonhei. Nas realidades que enfrentei.

Nossos dias

Nossos dias Não lhes dão tempo para pensar mas lhes dão trabalho, muito trabalho. Sempre lhes deram. E um parco salário. Sempre um parco e mínimo salário. E lhes dão religiões e promessas de um outro mundo onde serão ricos e felizes ao lado dos deuses que eles inventam. Lá não existirá a miséria extrema. Nem a exploração e a tristeza que eles inventam. E lhes dão governantes ignorantes e cúmplices, capatazes estúpidos que eles inventam com o voto dos outros, o povo, que eles enganam. E enquanto eles riem assim roda essa máquina, essa trama macabra que eles engendram. sylvio 16-04-2019

Sonho

Um sonho. Das varandas, das sacadas, das soleiras, janelas e portas abertas, e sorrisos de almas que se encontram. Cédulas e celulares esquecidos. Shoppings esvaziados, largados, desérticos. Sol brilhando nos olhos. Árvores e homens na dança da paz. Vida renascida...Um sonho, só um sonho. Mas a manhã agradece em silêncio..

Para acordar os adultos e adormecer as crianças

Parece que parou A balbúrdia do mundo Emudeceu assim sim A Torre de Babel Silenciou... O incêndio do circo Sempre premente Em estado de espetáculo Apagou. Carros e mais carros Sumiram das avenidas do mundo As ruas sorriram de espaço Os passos acalmaram-se nas trilhas E os pássaros Ensinaram aos homens O mágico dom de seus voos Então o escritor respirou Profundo E profundamente Fechou A última página Do seu Livro das Utopias Soube-se que a partir de então Todo seu ser transmutara Na mais cristalina Poesia... 22-03-2019

Outono

De novo outono Um outro outono Flores que vão Frutos que vêm Maduros dias Tímidos sóis Pipas aos ventos Folhas no ar   Muda manhã Olhar de espera Jardim secreto Janela aberta Canto do dia Passos da tarde Sol derramando Noite que volta Rolha no vinho Lua na taça Foi-se o verão Vida que passa... 22-03-2019

Diário do escritor que não fui - 24 de fevereiro de 2019

No fim de um domingo releio os contos do amigo ex-aluno, hoje professor e escritor que vai se formando, para um futuro prefácio de um futuro livro. Depois tiro da mochila o caderno da adolescente que conheci na sala de aula e que há dias, timidamente chegou-se a mim ao final da aula e pediu para me mostrar seus textos, Agora, aqui, lendo, a vida ganha sentido. Pode estar nascendo uma escritora... E já nasce um escritor. As palavras, a sensibilidade, a delicadeza que, em momen tos, ganha a força da vida, de uma flor que vai nascendo e já experimenta seus primeiros espinhos, enquanto na alquimia das palavras o mundo vai abrindo-se em voo. Do lado de fora a noite sorri e meus olhos brilham de novo. Resgato o prazer de ser professor e estar com meus alunos, e ex-alunos, acompanhando suas-nossas descobertas. Obrigado Heitor, obrigado Rebeca, obrigado a todos com quem um dia convivi nas salas de aula. Salas de aula das escolas públicas, hoje tão perseguidas e maltratadas. Apesar de

Diário do escritor que não fui - 15 de fevereiro de 2019

Ainda não veio o fim do mundo. As chuvas passaram e o vento não nos carregou. A quadrilha de patetas mal intencionados que se estabeleceu no poder, como é típico das quadrilhas, já começa a se entredevorar. Tudo muito previsível. O problema é o que está por trás. Os próximos movimentos dos titereteiros que manipulam esse "teatro de bonecos"... As falas dos "desministros" estão ressuscitando Sergio Porto em sua face de Stanislaw Ponte Preta. Agora somos contemporâneos do *FEBEAPÁ 2019 (*Festival de Besteiras que Assolam o País). Tenho lembrado de um outro tempo. Quando eu, adolescente ainda, era leitor assíduo de "O Pasquim". Quantas entrevistas memoráveis!!! Leila Diniz inesquecível! Quanta verve, quanta inteligência que resistia a tempos ingratos. Li até uma entrevista com Inês Etienne Romeu, denunciando "A Casa da Morte". Os artigos de Jânio de Freitas e de Paulo Francis. Os quadrinhos do Henfil. A valorização de nossa melhor safra de escritore

Diário do escritor que não fui - 13 de fevereiro de 2019

Chove sem parar. A cidade está sob alerta. Aliás, o Estado do Rio todo está em alerta de temporal, alagamento e deslizamentos. As aulas foram suspensas. Acabo de receber uma mensagem que diz que o rio transbordou em uma das entradas da cidade. Da minha janela vejo o jardim sendo visitado pela chuva e pelo vento. Uma série de tragédias vem acontecendo ultimamente. Primeiro foi a destruição da barragem em Brumadinho (MG); depois o incêndio no centro de treinamento do Flamengo que provocou a morte de 10 adolescentes, durante a madrugada; chuvas e ventos fortíssimos que derrubaram mais de 700 árvores no Rio de Janeiro; a queda do helicóptero que acabou por tirar a vida do piloto e do jornalista Ricardo Boechat e agora este alerta de fortes chuvas... Os "senhores ministros" desse malfadado desgoverno da república a cada dia enriquecem o "festival de besteiras que assola o país" versão 2019. Como podem constatar são muitas as adversidades. Lá fora, a chuva aumenta sua in

Para Evandro Lagreca

Para Evandro Lagreca (por nossa conversa de ontem) Porque os jornais envileceram não os leio mais Porque as redes sociais emburreceram brutalizaram Afasto-me delas cada vez mais E abro janelas e portas para a Natureza que me rodeia me envolve e me conforta Aprendo a inteligência das sementes que crescem, frutificam, florescem arranco parasitas que sufocam a vida podo galhos que crescem demais e bambus que se embaraçam nas árvores. Ouço   e vejo a presença dos pica-paus na mata atrás do jardim e lá na frente os tucanos, maritacas e outros tantos Espanto quatis e jacus que ameaçam plantinhas que nascem. E descubro a cada dia as milhares e milhares espécies impensáveis de insetos Enquanto isso no planeta dos homens as multidões hipnotizadas seguem monitoradas e iludidas atadas a seus “celulares”...

Diário do escritor que não fui - 27 de janeiro de 2019

Tudo conspirando. Respirando. Pulsando na noite. O "escritor que não fui" continua a sua história. Narra suas desventuras e seus encantamentos para o "leitor inexistente". Aquele que nunca o leu. O famoso "nenhum comentário" do diário que vai redigindo em seu blog. Lá fora, a noite ponteia-se em grilos, cães distantes e outros silenciosos murmúrios. No céu, estrelas contrariam previsões meteorológicas que anunciavam chuva para os últimos dias. Foi-se um lindo dia de sol. Agora, eis a agradável noite de verão de um sábado esplendoroso, não fosse pelas vítimas de mais uma tragédia. Desta vez com muitas mortes. Brumadinho, Minas Gerais. Sempre Minas. Da outra vez foi Mariana. Partiu-se a barragem da Vale do Rio Doce e o mar de lama fez um grande estrago, soterrando e carregando tantas vidas. A irresponsabilidade e a ganância daqueles que não levam em consideração os seres humanos e o meio ambiente é o que provoca essas catástrofes. Desgovernos e descasos...

Diário do escritor que não fui - 15 de janeiro de 2019

Chovem grãos coloridos da árvore do jardim. O sol vai cumprimentando a paisagem. Da minha janela preparo a caminhada. Sigo. Quando voltar conversaremos...

Um haicai da estação

a porta que abre: eis o frescor da manhã cigarra e verão