Eu e O Escrevinhador 2 ( A propósito do "Livro do Desassossego" - Bernardo Soares-Fernando Pessoa)
A minha caixa de correio, no velho portão zinho de entrada, desde que conheci O Escrevinhador, passou a ter uma vida jamais sonhada nem por mim nem por ela. Após nossos encontros em um banco de praça, um café, um bar, um caminhar em silêncio, sempre rendia, dias depois, o resultado sob a forma de um texto. Nada muito previsto, sem dias ou ocasiões especiais, e os assuntos tocavam aquela vida do seu personagem do desassossego: Bernardo Soares, o ajudante de guarda-livros. Um dos últimos textos que recebi dele, em minha caixa, eram suas considerações sobre tudo que ao outro fora negado por aqueles que não queriam dar-se ao trabalho de "desabotoar o casaco". Em outro momento passarei a vocês esses textos com as notas d'O Escrevinhador. Da última vez em que nos encontramos pouco falamos, mas nos misturamos àquele mundo do bar da esquina onde "riam os parvos felizes", como dizia o texto. Apesar de todos os pesares, bebemos e rimos, deixamo-nos ser tão parvos quanto...