O outro

Quando as nuvens cobrem a luz
o escuro faz o laço
e a vontade cai no abismo.
Quando o frio arrepia
em uma nave de náusea
e o sol some
submerso em trevas.
Sossobra o cansaço
e o manto negro do nada.
Então surge o Outro
com suas vestes de noite
sem Lua.
E com estrelas mortas,
pétalas perdidas
sem eco nem perfume.
O Outro, em sua festa muda
feito um vendaval de coisa nenhuma.
O Outro é o Triste Sem Causa.
Sequer sem a força da tristeza.
E o outro se afirma
como se sempre fora
como se fora o único
infinitamente
na escuridão dos crepúsculos
unidos
costurados com os fios do fim.
Seguem seus passos arrastados
arrastando as horas rotas.
Entra na porta do tempo
largando em silêncio os relógios,
calando os ventos.
E lá vai, anjo negro,
príncipe da depressão,
molambo
farrapo de filosofia
trapo rasgado
sem canção
ou vestígio de qualquer poesia.

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