O Um

Do espelho adolescente
o Outro cobrava ao Eu:
- De você, eu quero você mesmo!
E o Eu ficava preso
no espelho da cobrança.
Fugia para a aventura da vida
mas sempre se deparava
com a imagem que lhe cobrava.
Algemas, grades,
calabouço dos espelhos,
solitário exílio do silêncio,
areia movediça
tragando a vontade,
abortando a viagem.
Até o dia, muito além de tudo,
muito depois da história
já distante de tantas batalhas
entre o Eu, o Outro e o mundo,
até o dia além de tantas mortes
já sem Eu, sem Outro e sem mundo
quando simplesmente passava
e se descobria na luz
da flor mágica do todo. Só e unido.

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