Olhos Parados - Capítulo 20

 Os amigos do senador Brito Júnior já se movimentavam de todas as formas possíveis para descobrir o seu paradeiro. Várias injunções eram feitas junto aos poderes constituídos. O tempo foi passando e a ausência de notícias sobre o caso começou a provocar a impaciência dos mais chegados a ele. Esperaram além do suportável. Aquela situação não podia continuar da forma como vinha acontecendo até então.
O partido do senador cresceu junto com ele, e se por algum momento todos se mantiveram calados, agora todos começavam a se mover no sentido de encontrar o destino que fora dado para o senador.
O marasmo em que as pessoas iam sendo levadas exigia daqueles que lutavam por avanços que algo mexesse na raiz daquela sociedade.
 O caso do Brito Júnior merecia uma nova abordagem. Era preciso trazer, de novo, à baila, aquela personagem.
 E os seus amigos, mais do que nunca, estavam impacientes. Já haviam esperado demais.
Foi criada uma comissão para tratar do caso, que fora considerado de segurança nacional.
A comissão estava encaminhando ao governo suas exigências. E o governo, por sua vez, também já começara a tomar as primeiras providências para resolver aquele impasse.
O telefone tocou na casa da enfermeira Cátia. Ela jamais ouvira aquela voz. Queriam notícias sobre o quadro clínico do senador. A pessoa apresentou-se como um médico ligado ao caso e ao governo. Após ela passar algumas informações bem superficiais, porém tranqüilizadoras, a voz do outro lado da linha comunicou que haveria a possibilidade de remoção do paciente para um outro hospital. E o tal médico pediu para que ela tomasse todas as providências necessárias, logo no outro dia, a fim de que tudo estivesse em condições de receber a visita de algumas pessoas que iriam avaliar o caso.
O telefone foi desligado...
E agora? O que fazer? Não haveria mais tempo para tirá-lo de lá. A não ser que ela agisse muito rápido. Todas as estratégias que antes haviam sido cogitadas agora passavam pela sua cabeça, em um torvelinho. Mas, afinal, o que estava acontecendo? Por que essa mudança nos planos deles? Até há pouco, tudo era o maior descaso. Ninguém, aparentemente, estava mais interessado no caso. Ela não conseguia entender os caminhos da política. Aquela lógica mutante era demais para a sua compreensão. O fato é que, de um momento para o outro, as coisas se precipitaram. Sentia-se, de repente, no interior de um furacão. O que fazer? Iriam mesmo prendê-lo? Era preciso manter-se calma e fria. E dirigir-se para o olho do furacão, onde as coisas se mantinham paradas e silenciosas. Ainda lhe restava a noite e as primeiras horas do outro dia. Resolveu tomar uma decisão com a qual relutara tantas vezes. Olhou para o telefone. Pensou. Algumas cenas passaram pela sua cabeça... Enfim decidiu e ligou.
 “Alô! Márcio ? É a Cátia. Eu preciso muito falar com você! É... mas não pode ser por telefone. É sobre um amigo nosso. Não, não posso te adiantar. Daria para ser agora? Não. Pode deixar. Eu vou aí.”
Rapidamente ela se arrumou e saiu.


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