Diário do escritor que não fui 15 de julho de 2018 Consegui aqui um tempo. Um final de domingo. 17:51. Do lado de fora da janela, já escureceu. Ainda há pouco estava lendo um outro diário. “Quarto de Despejo”, “diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus. Texto maravilhoso e pungente. Ela vai contando seu duro cotidiano e costurando preciosidades pelas suas páginas. Nos pequenos intervalos que conseguia na sua luta pela sobrevivência, arrumava um cantinho e ia escrevendo seu livro que nascia daqueles cadernos onde anotava suas impressões, sua realidade e seus sonhos. Foi ela, em seu texto, que me fez, agora, neste momento, começar também a fazer aqui este diário. Minha vida inteira alimentei o sonho maior de ser um escritor, mas os descaminhos que a existência nos obriga não me permitiram. Também tenho os meus cadernos espalhados pelas gavetas da vida. E alguns livros não editados, por falta de dinheiro, mesmo! Pois é muito difícil, sendo um desconhecido nada ilustre, s...