JANA (heroína do Brasil)

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JANA MORONI BARROSO (1948-1974)

Cearense de uma conhecida família de Fortaleza, Jana cresceu em Petrópolis (RJ), onde praticou escotismo, primeiro como “lobinha” e depois como “bandeirante”. Concluiu naquela cidade o ensino médio e cursou até o quarto ano de Biologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se integrou à Juventude do PCdoB. Trabalhou, com outros companheiros, como responsável pela imprensa clandestina do partido. Em 21 de abril de 1971, foi deslocada para a localidade de Metade, região do Araguaia, onde exerceu a atividade de professora e ficou conhecida como Cristina, integrando o Destacamento A da guerrilha. Dedicou-se também a atividades de caça e ao plantio. Casou-se com Nelson Lima Piauhy Dourado. Ao se despedir dos pais, deixou-lhes uma carta em que explicava as razões de sua opção política e um exemplar do clássico de Gorki, A mãe, que narra uma sensível história de amor entre um militante socialista e sua mãe na Rússia czarista. No livro Operação Araguaia, Taís Morais e Eumano Silva escrevem: “Em entrevista ao historiador Romualdo Pessoa Campos Filho, o morador José Veloso de Andrade contou que Cristina morreu nas mãos dos militares. Segundo o depoimento do ex-mateiro Raimundo Nonato dos Santos, o Peixinho, para o Ministério Público, Jana teria sido presa em um local chamado Grota da Sônia. Ela se deslocava para o ribeirão Fortaleza para encontrar Duda (Luiz René Silveira e Silva). Raimundo, já preso, foi obrigado a levar os militares ao ponto. Ao avistá-la, teria feito sinal para que fugisse, mas outra equipe já a cercava. Cristina estava desarmada, mas um soldado disparou contra ela. Raimundo afirma que Jana foi deixada no local, insepulta. Apenas uma foto teria sido feita”. Em vários outros depoimentos, no entanto, a versão é que Jana foi presa viva. Assim testemunhou um camponês que foi guia do Exército: “Nós chegamos no ‘sapão’ [helicóptero] na cabeceira do Caiano. Nós estávamos acampados de tardezinha, todo mundo na folha, quando vimos aquela mulher vir tomando chegada. Aí os soldados alvoroçaram para atirar e o sargento falou com os soldados: ‘Não atira não, deixa ver quem é primeiro’. Todo mundo ficou em ponto de tiro. Agora, eu não, eu não fi cava em ponto de tiro. Ficava com a FAL de um jeito para não desconfiarem. Aí, ela chegou a uma distância como daqui àquele pauzinho ali. Aí pegaram e irradiaram para o comando de Pontão na mesma hora. Aí o ‘sapão’ veio e pegou ela. Botaram dentro de um saco e botaram o saco dentro de uma caixa, de uma jaula, não sei o que era, e trouxeram para Xambioá... Eu só vi ela essa vez... Era ela mesma. Eu vi sim. Eles me mostraram a fotografia dela. Eles me mostraram idêntica que está neste retrato aí. É fotografia dela, pura... Foi bem no fim. Agora, eu não sei se eles mataram ela, se prenderam. Só sei que ela foi pega à mão. Eu vi bem, com esses dois olhos, aqui. Ela veio pedindo por tudo mesmo, chorando mesmo. Ela já estava nua. Roupa toda rasgada. Estava vestida de maiozinho e uma blusinha. Estava toda desprevenida, já”. Segundo depoimentos colhidos por Cyrene, Jana foi presa e levada para Bacaba, na rodovia Transamazônica, onde operava um centro de torturas. Segundo os moradores da região, na localidade também existe um cemitério clandestino. Conforme o relato de sua mãe, Jana teria sido amarrada praticamente nua e colocada dentro de um saco, que foi içado por um helicóptero. Isso teria ocorrido nas proximidades de São Domingos do Araguaia.

http://www.comunistas.spruz.com/mulheres3.htm

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