Diário do escritor que não fui - 4 de novembro

Fim de domingo. A chuva fina, do outro lado da janela, molha o jardim que já está quase todo imerso em escuridão. Passou o dia de Todos os Santos, passou o dia de finados e amanhã, cedo, voltarei às aulas. Sexta-feira, dia 2, fomos nos encontrar com Luiz Gonzaga. Grande amigo, um mestre, que tanto eu quanto Pita admiramos muito. Ele é um pensador do nosso Brasil e da nossa cultura como poucos, e é um privilégio poder compartilhar com ele alguns momentos. Sempre nos presenteia com palavras sábias sobre a constituição deste nosso país e as peculiaridades de nosso povo e sua formação. Em um momento tão temerário quanto este que estamos vivendo foi um alento ouvir as palavras dele. Dessa vez também nos contou um pouco da sua história de militância, de sua prisão, da violência que sofreu e de seu posterior exílio. Isso na época da ditadura. Depois contou-nos sobre sua vida fora do Brasil e seu trabalho como mestre na Itália. Saí com a certeza de que mais do que nunca teríamos que trabalhar a partir de nossa cultura, alimentando-a, em uma verdadeira militância. Trazia em minhas reflexões alguns direcionamentos nesse sentido e após a conversa com o mestre, tive a certeza de que a coisa tem que ser feita por essa via. Pela nossa diversidade somos originalmente libertários e plurais, dificilmente uma aventura fascista terá uma continuidade e se firmará, mas precisamos revitalizar e reenergizar nossos valores para que o estrago que estão fazendo não atinja proporções trágicas. 
Neste domingo, mexendo nos livros, Pita encontrou entre eles algumas ideias que vieram nos servir "como luva" para o momento presente. Ela ia lendo e nós seguíamos estendendo nossas reflexões. Durou bastante tempo e firmamos, graças às leituras e às nossas conversas, algumas boas e firmes conclusões. É bom estarmos juntos e dividirmos esses momentos.
Agora já começa a ficar tarde. Vou comer alguma coisinha lá embaixo e começar a me preparar para dormir. 
Até...

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