Diário do escritor que não fui - 30 de dezembro de 2018
Domingo. Noite. O escritor que não fui senta à escrivaninha. Lá, fora da janela, o jardim já quase totalmente engolido pela escuridão. Aqui dentro, a luz da tela do computador me convida. Há dias que penso a existência sob um outro ângulo. Não dá mais para colocar panos quentes. Quantas vezes tenho usado as palavras para dar um jeito nas coisas. Tentar equilibrar. Buscar a brecha que nos leve ao voo. Mas agora há uma vontade grande de dar o verdadeiro nome das coisas. O mundo está estranho. Os países são direcionados para caminhos e objetivos cada vez mais distantes do que seria uma vida humanamente feliz e tranquila. Em nosso Brasil, o povo escolheu a bestificação e a violência para comandá-lo. No caminho, de volta para casa, neste início de noite, vi as pessoas entrando e saindo de suas igrejas evangélicas. Estão, em sua grande maioria, dominados, aparvalhados, hipnotizados e controlados pelos pastores e pela algema de seus celulares que lhes mandam constantemente, através da rede so...